sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Perfil da Oitava Oficina - TP 6 - A Literatura para adolescentes

Vivemos nosso momento de rebeldia no momento de realizar essa oficina, uma vez que nossas cursistas consideraram cansativo o assunto discutido na unidade 23: a revisão e a edição. Segundo elas, a TP 6 dá maior ênfase a esse aspecto do que ao assunto da unidade 24: A Literatura para adolescentes. Por outro lado, as propostas do Avançando na Prática são muito parecidas com as atividades que se encontram ao longo do Caderno de TP. Percebendo o desinteresse de minhas colegas de área, sugeri uma mudança na proposta: levei para o encontro alguns livros que são do interesse de nossos adolescentes do Ensino Fundamental e propus o seguinte:

1 º momento: apresentei às colegas nove livros infanto-juvenis, a saber:
"Perdidamente", Júlio Emílio Brás (temática: AIDS)
"Clube do Beijo", Márcia Kupstas (temática: sexualidade)
"Fala sério, professor", Thalita Rebouças (temática: relação professor-aluno)
"Fala sério, amor", Thalita Rebouças (temática: o amor)
"Fala sério, mãe", Thalita Rebouças (temática: a relação entre mãe e filha)
"Infância Roubada", Telma Guimarães e Júlio Emílio Braz (temática: a exploração do trabalho infantil)
"Enquanto houver vida viverei", Júlio Emílio Braz (temática: AIDS)
"O que rola na escola", Alcides Goulart (temática: a vida escolar)
"Metamorfose", Franz Kafka (adaptação de Peter Kuper - temática: o preconceito)

Sugestão para minhas colegas formadoras:






















































2 º momento: apresentei-lhes sinopses e resenhas desses livros.

3 º momento: iniciei um debate sobre o tema dos livros e sobre sua relevância para o público-alvo.

O resultado desse terceiro momento foi muito interessante, até porque todos nós pudemos relembrar nossas histórias de leitura, numa época em que nos impunham os clássicos da Literatura para os quais, na maioria das vezes, não estávamos preparados intelectualmente.
Retomando à importância desse tipo de literatura para nossos alunos do ensino fundamental, comentei sobre minha experiência com rodas de leitura com dois dos livros acima, "Perdidamente" e "Fala sério, amor", cuja história prendeu a atenção até mesmo dos que se diziam inimigos dos livros.
O resultado dessa oficina foi o reconhecimento de que devemos cada vez mais pôr em prática essas rodas de leitura interativa e, a partir delas, criar projetos que a incentivem, algo muito parecido com os que o Gestar exige de seus cursistas. Certamente, colheremos bons resultados em 2010.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A TESE , A ARGUMENTAÇÃO, A PERSUASÃO - TP 6 - SÉTIMA OFICINA


O Perfil da Sétima Oficina (A tese e seus argumentos)

Após nossos momentos de férias, que se estenderam em função da gripe, retornamos às nossas atividades dos cadernos de TP. Como nas anteriores, iniciamos com uma breve discussão sobre as propostas oferecidas pelo programa Gestar. A unanimidade quanto à ótima qualidade do material persiste, embora nossas cursistas tenham considerado grandes demais algumas tarefas do Avançando na Prática. Em contrapartida, o assunto tratado nas duas primeiras unidades da TP 6, a tese e a argumentação, é tão rico, que pode inclusive ser trabalhado com os alunos do ensino médio.
Segundo a professora Nágela, que trabalhou o Avançando na Prática da página 39 com uma turma de sétima série, os alunos não tiveram muita dificuldade com a oficina relacionada à criação de um texto publicitário. Em síntese, ela seguiu basicamente as orientações da referida página, e vale ressaltar um comentário feito por ela no relatório: “Na segunda etapa da oficina, os estudantes apresentaram os seus produtos com os respectivos textos publicitários referentes a eles. As ideias foram bastante criativas e satisfação da turma ao apresentá-las era notável. Alguns grupos levaram, inclusive, amostras grátis para a degustação dos demais alunos. Acredito que esse tenha sido um dos trabalhos mais enriquecedores dentre os realizados ao longo do Projeto Gestar”.
A professora Maria Aparecida, por sua vez, utilizou a atividade proposta na página 23, com alunos de sétima série. Ela diz em seu relatório que eles conseguiram entender o que é argumentação. Por outro lado, a falta de material não permitiu que a professora Quívia realizasse sua oficina. Embora já tenhamos solicitado mais material de TP e AAA, não obtivemos resposta. A prefeitura nos auxilia com Xerox, mas nem sempre isso é feito em tempo hábil. Por fim, a professora Ana Beatriz nos informou que alguns alunos tiveram dificuldade de entender o que é argumentação. O que sugeri a ela nesse sentido foi a criação de um julgamento, algo muito parecido com o que fizemos em Arraial do Cabo, com a finalidade de discutir temas polêmicos. Essa é, ao que parece, uma técnica muito interessante para desenvolver nos alunos a capacidade de argumentar.

Um questionamento inevitável

Dando seguimento, achei pertinente, após a conclusão das seis primeiras oficinas, levantar uma discussão sobre o que havia mudado após a implementação do Gestar em nosso município. Segundo a professora Ana Beatriz, houve uma mudança significativa, já que aumentou o interesse dos alunos pelas aulas. Para a professora Maria Aparecida, 50% dos alunos apresentaram uma mudança considerável. A professora Nágela, em seu depoimento, afirmou que os cadernos de TP melhoraram a qualidade de suas aulas, mas alegou também que, para os alunos, essa melhora aparecerá a longo prazo. A professora Quívia, por sua vez, disse que seus alunos confundem aula de arte com aula de português. É importante registrar que, embora seja formada em Letras, ela trabalha atualmente com Arte.
Na sequência, realizamos a atividade básica da oficina, em que deveria ser desenvolvida uma crônica a partir de um trecho do texto Espírito Carnavalesco, de Moacyr Scliar. Observe a seguir o trecho em questão e o que uma das duplas de cursistas propôs como desfecho:

Espírito Carnavalesco
"Ensaios da escola de samba Mocidade Alegre atrapalham sono de moradores da região."
Cotidiano, 29 jan. 2001
Cansado, ele dormia a sono solto, quando foi bruscamente despertado pela
esposa, que o sacudia violentamente.
- Que aconteceu? - resmungou ele, ainda de olhos fechados.
- Não posso dormir. - queixou-se ela.
- Não pode dormir? E por quê?
- Por causa do barulho - ela, irritada: - Será possível que você não ouça?
Ele prestou atenção. De fato, havia barulho. O barulho de uma escola de
samba ensaiando· para o carnaval: pandeiros, tamborins ... Não escutara antes por
causa do sono pesado. O que não era o caso da mulher. Ela exigia providências.
- Mas o que quer você que eu faça? perguntou e, agora, também irritado.
- Quero que você vá lá e mande eles pararem com esse barulho.
PROPOSTA PARA FINALIZAÇÃO DO TEXTO
PROFESSORA MARIA APARECIDA E NÁGELA CALIL:
- Não é você quem quer que eles parem com o barulho? Então vá lá e peça você mesma por que eu não quero me meter em confusão.

A mulher saiu de casa, irritadíssima, para pedir que o presidente da escola acabasse com o som. Entretanto, quando se deparou com toda aquela festa, resolveu cair na folia. Isso aconteceu há dois anos atrás, atualmente Ketula é Rainha da bateria na Mocidade Alegre. E agora é o seu marido Juvenal que não consegue mais dormir.
Quanto à a presentação das anotações sobre os procedimentos e tomadas de decisões produzidos durante a escrita do texto, temos o seguinte:
Finalização do diálogo, produção da conclusão com a utilização de fatos cômicos e surpreendentes.
Sobre o planejamento sugerido na Oficina:
Fazer uma pré-leitura falando dos ensaios de escolas de samba.
Distribuição de cópias do texto, solicitação de leitura em grupos de quatro pessoas; pedir que os alunos finalizem o texto formulando a partir dele uma história em quadrinhos utilizando a criatividade.

TRABALHOS DESENVOLVIDOS PELA PROFESSORA NÁGILA NA TP 6 E ALGUMAS FOTOS EM SALA DE AULA REALIZANDO A OFICINA
























































UM DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS PELA PROFESSORA ANA BEATRIZ - TP 6
















quarta-feira, 29 de julho de 2009

SINAL FECHADO PARA A SEXTA OFICINA

Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Paulino da Viola

O Perfil da Sexta Oficina, realizada no dia 03 de julho de 2009

Na primeira parte da oficina, como sempre dedicada às explanações dos cursistas sobre o desenvolvimento do Avançando na Prática, tivemos um dado curioso: a professora Nágela percebeu, ao longo da oficina, que os alunos entraram num processo de competitividade, o que, segundo ela, é um dado positivo, pois cresce muito o interesse deles pela andamento da aula.
Ao chegarmos à sexta oficina, sugeri a todo o grupo que tecesse por escrito um comentário bastante crítico sobre a metodologia utilizada na TP 3, 4 e 5. Achei mais sensato que esse perfil não fosse traçado somente por mim, como formador, mas que todas as nossas colegas tivessem a chance também de expor o que, segundo elas, foi viável ou não. Acredito que esse deva ser um dos objetivos dos organizadores desse material. Em breve, esses comentários estarão postados no blog.
Lamentamos apenas não termos dado seguimento à oficina, pois somente a Professora Maria Aparecida e a Professora Nágela compareceram ao último encontro. As outras colegas alegaram alguns compromissos com suas escolas, dos quais não puderam abrir mão.
A seguir, temos trechos do relatório da Professora Nágela, que optou pela atividade da p. 196, a qual levou à competitividade de que falamos há pouco:
No início da oficina , foram abordados alguns aspectos da organização textual como ordenação temporal e relação lógica no texto. Em seguida, os alunos foram separados em seis grupos e cada um deles recebeu um envelope com um texto fragmentado em pedaços. A proposta era que os estudantes remontassem o texto original a partir dos fragmentos, mas sem rigorosidade. Uma sequência diferente da original seria aceita desde que mantivesse a lógica do texto.
Os grupos mostraram-se bastante competitivos e queriam de qualquer forma terminar antes que os demais colegas. Os estudantes foram orientados durante toda a atividade e apesar do texto estar fragmentado em pedaços muito pequenos, todos os grupos conseguiram montá-lo.

Na sequência, apresentamos algumas fotos do último Avançando na Prática desenvolvido pela Professora Nágela com uma turma de 7ª série:











terça-feira, 28 de julho de 2009

A QUINTA OFICINA - O ESTILO








... Por isso, não se meta a exigir do poeta

Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudonada cabe

Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber

O incabível

Gilberto Gil

O Perfil da Quinta Oficina, realizada em 25 de junho de 2009

Como nas oficinas anteriores, as cursistas expuseram o desenvolvimento do Avançando na Prática. No entanto, somente três delas conseguiram colocar em prática uma das atividades propostas nessa seção. Segundo as cursistas que não desenvolveram a tarefa, o período pretendido para o desenrolar das oficinas coincidiu com os horários de provas, o que impossibilitou a realização do que estava programado. A professora Nágela e a professora Aparecida optaram pela atividade que corresponde à página 24 da unidade 17 da TP5. A professora Quívia, pela atividade da unidade 18, p. 105 – TP 5.
A Professora Quívia que, embora seja da área de letras mas que trabalha atualmente com Artes, comentou o seu desafio em adaptar as atividades à sua disciplina. Seu discurso deixa transparecer que essa ousadia é inerente aos professores que de fato gostam do que fazem e que por isso não tem apresentado grandes dificuldades em desenvolvê-las. Muitas atividades desse gênero já haviam sido inclusive desenvolvidas por ela, o que facilitou mais ainda o seu trabalho.
Quanto à parte III da oficina, da página 254 – TP 5, observemos na íntegra o comentário dos grupos:

Grupo 1 – comentários:

· O texto é previsível;
· O título e a imagem são coerentes, mas faltou criatividade;
· A imagem e o título enfatizam que a empresa FURNAS é de capital nacional;
· A questão da sustentabilidade ficou em segundo plano, aparecendo somente no texto na parte inferior da mensagem;
· O título não está coerente com o texto verbal, pois ele apela para o lado patriótico do interlocutor, enquanto o texto dá ênfase à questão ambiental.
Professoras Maria Aparecida e Nágela
Grupo 2 – comentários:

· A linguagem não verbal revela o belo, o lado bonito da história;
· O título, na verdade, relata o patriotismo da empresa e deixa o foco principal em segundo plano, no texto abaixo das mensagens, que é o desenvolvimento sustentável, lembrando ainda que o título é o carro chefe do texto; é nele que deve conter o “chamamento” para o leitor;
Professora Quívia e Dilma

No momento de tecer comentários a respeito das atividades desenvolvidas, as cursistas foram unânimes em afirmar que todas as tarefas propostas no Avançando na Prática apresentam ótima qualidade, uma vez que o espírito de dinamismo que as caracteriza estimula nossos discentes a querer sempre mais. Essas atividades têm colocado diante de um corpo discente menos passivo e mais comprometido com o seu papel em sala de aula. Hoje, ele entende melhor o porquê de estar na escola.

Atividade desenvolvida pela Professora Maria Aparecida TP 5 - Unid 18 - p. 105





























Professora Nágela Callil aplicando o Avançando na Prática - p. 24 da unidade 17 da TP5, numa turma de 5ª série











quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Perfil da Quarta Oficina - Letramento


Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade. Procura da Poesia.

Quarta Oficina – 09 de junho, às 13h 30 – TP 4, p. 219

Na primeira parte da oficina, discutimos a qualidade do material oferecido pelo Gestar, o qual demonstra uma grande preocupação em dar ao aluno autonomia no momento de ler ou escrever. Inegavelmente, a TP 4, ao propor atividades relacionadas a letramento, sinaliza-nos que seu conteúdo é um grande referencial para a elaboração do projeto interdisciplinar que iremos desenvolver ao longo do ano letivo vigente. Aproveitamos esse momento para falar um pouco mais sobre ele, que ainda é motivo de muitas dúvidas, inclusive minhas. Nem tudo eu pude explicar a elas. Consequentemente, esse assunto tomou conta do pouco tempo que ainda nos restava.
No relato das cursitas – segunda parte da oficina –, todas expuseram a metodologia utilizada para desenvolver o Avançando na Prática, de acordo com o que é sugerido na p. 129 – TP 4. No entanto, foi um relato sucinto e difícil, já que exigia sobretudo imparcialidade. Deixei claro que são os alunos que precisam lucrar com os nossos esforços. Eles são o alvo de nossas discussões nas oficinas. Por essa razão, solicitei a elas que deixassem de lado as relações de amizade e expusessem, sem constrangimentos, o planejamento de aula proposto no roteiro da oficina.
A terceira parte do encontro acabou não acontecendo. O tempo que dispensamos para falar sobre o projeto e sobre o referencial teórico não permitiu a continuidade do que era proposto na p. 129. Demos então prioridade ao esboço do projeto e me pus à disposição para auxiliá-las nesse processo. Cada uma delas, de acordo com o que combinamos, poderá contar com uma manhã ou uma tarde minhas para a realização desse esboço. De antemão, sugeri a leitura de algumas referências bibliográficas da própria TP 4.
A seguir, podemos observar algumas atividades desenvolvidas no Avançando na Prática:

Professora Nágela Callil aplicando o Avançando na Prática - TP 4, p. 124 - "Admirável Mundo Louco" (Ruth Rocha)




Trabalhos interessantes realizados respectivamente pelas Professoras Maria Aparecida e Ana Beatriz - TP 4 - Avançando na Prática, p. 194





Os Cartões postais desenvolvidos pela professora Maria Aparecida referem-se a uma atividade proposta na p. 188.





segunda-feira, 8 de junho de 2009


Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não leem.
Mário Quintana
O Perfil da Terceira Oficina, realizada em 26 de maio

Embora o Governador Sérgio Cabral estivesse em nossa cidade, o que nos causou alguns transtornos para a realização do encontro, sobrevivemos a mais uma oficina, apesar da ausência de três cursitas. Acredito que isso tenha sido um dos motivos da timidez de algumas professoras presentes, no momento em que iniciamos a discussão sugerida na oficina. Ao começarmos um debate sobre a questão do letramento, poucas se manifestaram. É possível também que isso tenha ocorrido em função de este assunto ainda ser muito novo para todos nós. Quando pensamos que já sabemos tudo a respeito, deparamo-nos com a fala de outros especialistas que nos mostram a sua complexidade. A própria TP 4, em sua proposta de atividades, já nos confirma que letramento é, segundo Bonaccorsi Barbato, um processo ensino-aprendizado que busca as questões culturais, as situações sociocomunicativas variadas e a necessidade de interação entre o conhecimento trazido por cada aluno(conhecimento prévio) e o conhecimento novo apresentado na escola e em outros lugares em que aprendemos a ler o mundo. Em resumo, é um processo longo que exige uma mudança em nossas práticas, para as quais nem sempre estamos bem preparados.
Quanto ao momento de avaliarmos o próprio material do Gestar, surgiram críticas, nem tanto ao material em si, mas ao pouco tempo que temos para um estudo mais aprofundado das TPs, já que o espaço entre uma oficina e outra é muito curto. Ou seja, são muitas propostas de atividades para um tempo cada vez menor, até porque o fim do primeiro semestre aproxima-se cada vez mais. O grupo responsável pela elaboração dessas TPs talvez não leve em conta que, dentro e fora do ambiente escolar, temos provas e trabalhos para elaborar e corrigir, e os exaustivos diários para fechar. Não obstante, estamos lidando com um material de qualidade, que só não chega à excelência em função de alguns descuidos com a gramática; afinal, o alvo, a princípio, são professores de português. A exemplo, observemos os diferentes ambiente letrados (p. 30, TP 4); um ponto e vírgula no final p. da 102 – TP 3); a ordem em que se enuncia os fatos (p. 105 – TP 3).
A proposta de trabalho com o texto Cidadezinha qualquer, de Carlos Drummond de Andrade, foi mais uma prova de que o tempo tem sido nosso grande inimigo no momento de pôr em prática esta ou aquela oficina. Curiosamente, nenhuma das cursistas conseguiu tempo hábil para realizar o trabalho em questão. Por precaução, acabei por desenvolvê-lo com duas turmas de 7ª série nas quais leciono. E, antes de fazer observações sobre o desempenho das cursistas nesse momento da oficina, acho pertinente comentar a minha experiência com o texto de nosso grande poeta mineiro:
Primeiramente, fiz a leitura do texto de Drummond às turmas e propus em seguida uma análise do poema, utilizando-me da própria sugestão de roteiro da TP 4. O resultado foi surpreendente, até porque alguns alunos levantaram aspectos do texto, sem a minha interferência, tais como: a possibilidade de esta cidade ser a própria Itabira de Drummond e a prosopopeia que ocorre em “as janelas olham”. Após esse momento muito proveitoso, principalmente para os “bagunceiros”, os alunos foram convidados a ouvir três músicas que enfocam a cidade do Rio de Janeiro. Já que Cidadezinha qualquer é o retrato de uma cidade rural, a proposta agora seria uma cidade essencialmente urbana como o Rio de Janeiro, onde Drummond vivera por longo tempo.
As músicas foram, na sequência, Rio 40 Graus, que apresenta uma visão realista e bastante negativa da cidade. Observemos um trecho:
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza
E do caos...
Capital do sangue quente
Do BrasilCapital do sangue quente
Do melhor e do pior
Do Brasil...
Cidade sangue quente
Maravilha mutante...
O Rio é uma cidade
De cidades misturadas
O Rio é uma cidade
De cidades camufladas
Com governos misturados
Camuflados, paralelos
Sorrateiros
Ocultando comandos...

Como contraponto, nossos alunos puderam ouvir o clássico Cidade Maravilhosa e um samba-enredo da GRES Tradição de 1989. Em ambas as músicas, há uma exaltação ao Rio de Janeiro. Vejamos:

Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil
Cidade Maravilhosa coração do meu Brasil
Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil
Cidade Maravilhosa coração do meu Brasil
Berço do samba e das lindas canções
que vivem na alma da gente
és o altar dos nossos corações
que cantam alegremente
(...)

GRES Tradição(1989)

Rio de Janeiro
Salve São Sebastião
Santo padroeiro
Samba, amor e Tradição
Esquece a tristeza
Que é hora do Rio cantar
Com tanta beleza
A gente não pode chorar
É na PassarelaÉ na Cinelândia
A Tribuna Popular
Quero da Vista Chinesa
Ver a natureza se descortinar
Quero outra vez ver meu time
Fazendo esse meu Maracanã vibrar
Copacabana é princesinha a vida inteira
A capital do samba ainda é Madureira
Em Paquetá tem flores
Ilha dos meus amores
Que lembra o amor do Imperador pela marquesa
Lá nos jardins do bairro imperial
(...)
Mais um vez fui surpreendido, já que alguns alunos, ao fazerem a análise das três músicas propostas, conseguiram perceber esse contraponto. Dando continuidade, dividi a turma em grupos, a fim de que cada um deles produzisse dois textos: no primeiro, eles deveriam retomar o texto Cidadezinha qualquer e, mantendo a mesma estrutura poética, fazer uma nova versão do poema sob o olhar da cidade grande, isto é, como se essa cidade fosse o Rio de Janeiro; no segundo texto, os grupos deveriam descrever o perfil de uma cidade ideal. A seguir, temos alguns desses textos:

A propósito do texto de Drummond:

Cidade do Caos

Casas entre becos
mulheres nas esquinas
fumar roubar matar
O homem a se drogar.
A mulher vai se vender.
As crianças a trabalhar.
Nas favelas a pobreza vai aumentar.

Que vida cruel, meu Deus.
Ana Carolina, Samantha, Verônica e Willian (turma 701)

Cidade Bonita

Casas entre prédios
mulheres nas praias
felicidade amor e paz

Um homem vai nadar.
Um cachorro vai passear.
Um pássaro vai voar.
Devagar os carros andam.

Eta cidade tão boa, meu Deus.
Renan, Yuri e Lucas (turma (701)

Cidade grande perigosa

Casas entre prédios
mulheres entre carros
morte violência tristezas.

Uma pessoa anda com medo.
Ninguém vai devagar.
Uma vida vai depressa.
Devagar os inocentes olham.

Que cidade violenta, meu Deus.

Philipe, Marcelo e Silvani (turma 701)

Cidade caótica

Viadutos entre prédios
mulheres entre traficantes
bandidos entre o povo

O tráfico aumenta depressa.
A prostituição aumenta.
A ambição aumenta.
Ninguém sai de casa.

Eta vida triste, meu Senhor.
Alecsander e Maicon (turma 701)
A propósito do perfil de uma cidade ideal:

Cidade dos meus sonhos

Cidades bem simples, com escolas para todos, trabalho de montão. Pequenos apartamentos, casas bem simples e ninguém morando na rua. Igualdade é o essencial.
Amanda, Débora Máximo e Jéssica (turma 702)

A cidade dos meus sonhos
A cidade dos meus sonhos seria calma, tranquila, sem roubos, sem assaltos, tráfico etc. Teria pessoas honestas, trabalhadoras, felizes e simpáticas. Teria hospitais decentes, postos de saúde que funcionassem todos os dias, policiais de verdade, não corruptos. A polícia seria honesta e segura e levaria lei ao pé da letra.
Thiago, Hugo e Lucas Afonso (turma 702)

Como vemos, a maioria dos textos apresenta uma preocupação com a falta de segurança. Isso demonstra que, embora o Rio de Janeiro não seja a cidade deles, a violência urbana já afeta consideravelmente o lugar em que moram. Esse tipo de atividade permite que conheçamos melhor o público com o qual trabalhamos. Além disso, propostas dessa natureza são a evidência de que, quando o processo de leitura e de produção de texto está relacionado à realidade sociocultural de nossos alunos, despertamos neles a necessidade de ler, de escrever e de interpretar o mundo em que estão inseridos. Esse é, certamente, o objetivo maior do Gestar II.
Quanto à terceira parte da oficina, referente à interpretação de texto e formulação de perguntas de interpretação para as turmas de 3º e 4º ciclos, nossas cursistas foram dividas em dois grupos e ambos tomaram por base a minha proposta de trabalho que eu havia apresentado minutos antes. Observemos então os tópicos explorados na formulação de perguntas de cada um dos grupos:

Professoras cursistas Dilma e Quívia:

O autor / biografia / diferença entre poesia e poema / algum bairro local que se assemelhe à cidade do poema / transformação do poema: da visão rural à urbana / a possibilidade de alguns alunos se identificarem com o tipo de vida retratado no poema de Drummond / exploração da gramática: identificação de verbos / a repetição de “vai devagar” sugerindo “vida pacata” / interpretação do último verso: “Eta vida besta, meu Deus”.

Professoras cursistas Sônia, Ana Beatriz e Maria Aparecida:

Leitura e reflexão do poema / noção de trabalho: as profissões nas cidades pequenas / confecção de cartazes

Observações: minhas sugestões ao primeiro grupo foram de caráter gramatical, que, no poema em questão, não pode passar despercebido, já que a própria estrutura do título é rica em possibilidade de interpretação. Ressaltei o que discutimos muito em Niterói: um texto não pode ser apenas pretexto para se trabalhar gramática. O segundo grupo teve uma preocupação mais filosófica do que estrutural. Ressaltei que ambas as propostas são válidas, já que uma completa a outra. No entanto, sendo um texto que nos permite trabalhar as sequências tipológicas discutidas na TP anterior, perdemos aí uma grande oportunidade de trabalhá-las como reforço.
A seguir, temos alguns momentos do Avançando na Prática relacionados à terceira oficina.

Minha Oficina sobre "Cidadezinha Qualquer" (Foi divertida!)


Trabalhos da professora Ana Beatriz com uma turma do EJA - TP 4 - p. 41- Parte I- Os trabalhos publicados aqui não sofreram nenhum tipo de alteração











Trabalhos da professora Ana Beatriz com uma turma do EJA - TP 4 - p. 41 - Parte II- Os trabalhos publicados aqui não sofreram nenhum tipo de alteração



































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