terça-feira, 26 de maio de 2009

Outro Momento do Encontro Inaugural

Como formador, considerei pertinente conhecer um pouco a história de leitura de nossas cursistas bem como o modo como elas lidam com essa leitura em sala de aula. Aproveitei o momento para saber um pouco mais sobre sua prática pedagógica. Obtive apenas respostas de três delas. Abaixo temos na íntegra as perguntas e as respostas. É só acompanhar:
PROFESSORA CURSISTA NÁGELA CALIL DE FREITAS

Qual o seu grande momento como professora?
Sou recém-formada e este é o segundo ano que leciono. Espero que a minha profissão ofereça-me grandes momentos no futuro, mas, por enquanto, posso citar um teatro de fantoches apresentado no Ciep Vinte e Quatro de Novembro no ano passado. Eu trabalhei com os alunos durante um mês, adaptamos o texto, criamos o cenário e ensaiamos bastante. Senti que eles foram desenvolvendo a prática da leitura e perdendo o “medo” de falar em público, além de realizarem as atividades com muito prazer e vontade. Apresentamos a peça para os alunos da Educação Infantil à Etapa 2 da alfabetização( da nossa escola). Foi um sucesso!
Relate a sua história de leitura:
Comecei a ler aos seis anos por incentivo da minha mãe. Meu primeiro livro foi “O menino do dedo verde”, de Maurice Druon, que minha mãe começou a ler junto comigo e depois deixou que eu terminasse sozinha. Depois disso, não parei mais de ler. Aos 14 anos conheci Machado de Assis e fiquei encantada pela sua forma de usar as palavras. Conhecê-lo foi decisivo na minha vida.

Como tem sido a sua experiência com a leitura em sala de aula?
Percebo que muitos alunos não tiveram incentivo dos familiares em relação à leitura e também que a prática não foi cultivada nas séries iniciais do ensino fundamental. Esses fatores influenciaram na visão de leitura que eles possuem hoje. Apesar das dificuldades, tento incentivar e mostrar a leitura não só com mais uma tarefa da escola a ser cumprida, mas como uma fonte de conhecimento e entretenimento.

Comente uma situação em que um discurso seu foi mal interpretado:
Não me recordo de nenhum, mas isso certamente já aconteceu.

Como é a sua relação com os livros didáticos?
Eles são úteis e práticos, pois agilizam o trabalho na sala de aula. No entanto, muitos não são confiáveis e trazem um material desatualizado. Se não fosse a falta de recursos eu optaria por trabalhar sem eles.

De que forma você trabalha a leitura com seus alunos?
Quando vamos trabalhar um texto, normalmente faço uma pré-leitura com comentários sobre o assunto, peço que os alunos façam primeiro uma leitura silenciosa e depois lemos juntos. Também gosto de levar textos teatrais para incentivar a leitura dramática. Todo bimestre passo um conto ou um romance para cada aluno. Quando chega a data da entrega, cada aluno apresenta um trabalho escrito e nos sentamos para falar das histórias que eles leram.

Qual o conceito que a maioria de seus alunos tem sobre aula?
A maioria deles pensa que aula significa “quadro e giz”. Uma vez fiz uma dinâmica de mímica para conceituar “linguagem verbal e linguagem não-verbal” e um aluno perguntou: - Professora, você não vai dar aula?

Pense na proposta de um trabalho interdisciplinar:
Depende do conceito de interdisciplinaridade, pois há muitas divergências sobre esse assunto. Se for um trabalho interdisciplinar no sentido em que o professor escolhe um tema e trabalha esse tema em seus diversos aspectos recorrendo a outras disciplinas, acho muito interessante e muito enriquecedor para o aluno e para o docente que trabalha dessa maneira. Entretanto, quando esse trabalho envolve outros professores ( de outras matérias), apesar de achar mais enriquecedor ainda, penso que é muito mais difícil de acontecer.
PROFESSORA CURSISTA SÔNIA LOBO
Qual o seu grande momento como professora?
O meu grande momento como professora é quando sinto o interesse e a participação dos alunos nas minhas aulas. Não há nada mais gratificante.

Relate a sua história de leitura:
Sempre gostei de ler, desde criança. Sempre fui muito incentivada pelos meus pais a ter hábito de leitura.

Como tem sido a sua experiência com a leitura em sala de aula?
Fico triste às vezes. Não sei o que fazer ao perceber o desinteresse dos alunos pela leitura. Demonstram a maioria deles que não possuem hábito de leitura e inclusive há alunos que não sabem ler. Se o aluno não sabe ler e não tem o interesse em aprender, logicamente também não sabe interpretar.

Comente uma situação em que um discurso seu foi mal interpretado:
Não tenho nenhum comentário a fazer, pois não me recordo de ter passado por situação desse tipo.

Como é a sua relação com os livros didáticos?
Em relação aos livros didáticos, acho que os mesmos não estão de acordo com o exigido. Há excesso de gramática, quando se diz que devemos aboli-la. Os textos, por serem imensos, tiram o incentivo dos alunos, visto que não possuem hábitos de leitura e também não conseguem se concentrar por muito tempo e assim, muitas vezes, não fazem interpretações.

De que forma você trabalha a leitura com seus alunos?
Primeiramente, eles fazem uma leitura silenciosa do texto. Leio o texto para eles, explicando cada parágrafo. Em seguida, o texto é novamente lido por determinados alunos.

Qual o conceito que a maioria de seus alunos tem sobre aula?
Para aqueles que, apesar de estarem ainda na 5ª série, mas que já têm um objetivo na vida, ou seja, ser médicos, advogados, professores, etc., acham que as aulas são importantes, pois, sem elas, eles não poderão ter um futuro melhor. Para os que não possuem um objetivo na vida, a melhor aula é a vaga.

Pense na proposta de um trabalho interdisciplinar:
Acho que trabalho interdisciplinar deve estar voltado para a realidade dos alunos. Assim, pensando em termos de Areal, que é o lugar onde eles vivem, a minha proposta de trabalho está voltada para o meio ambiente, que, apesar de ser tema já muito trabalho na escola, há uma necessidade muito grande de ser trabalhado cada vez mais, pois noto que muitas pessoas que vivem nesta localidade não possuem conhecimento ou fingem não conhecer nada a respeito de preservação ambiental. Fazem queimadas (inclusive na escola), cortam árvores e não plantam outras, jogam lixo em qualquer lugar, não separam os mesmos para que sejam reciclados, etc. Perante tais acontecimentos desagradáveis, os nossos alunos, se bem trabalhados, poderão ajudar muito o povo e o nosso planeta.
PROFESSORA CURSISTA MARIA APARECIDA MORELLI FERNANDES

Qual é o seu grande momento como professor?

No momento estou desafiando a mim mesma, tentando superar os obstáculos e provar que tenho capacidade. Meu período é de ansiedade e confiança para ver tudo dar certo no final.

Relate a sua história de leitura.

O primeiro livro que marcou a minha vida foi a cartilha. Com seis anos, no final do ano, lia “tudo” e meu pai me a cartilha para eu brincar de leitura. Adorava ler e reler as lições de que mais gostava. Comecei dando aulinhas, brincando em casa, num quadro de giz feito pelo meu pai, que me deu um livro que li e reli várias vezes: A Vaquinha Sabida, de Herberto Salles. Na lª série meu pai comprou o livro didático solicitado na lista escolar. No começo amei, só porque nele era incluída a narrativa das história da Chapeuzinho Vermelho. Ele era todo ilustrado. Quando comecei a estudar nele já não gostei muito porque era matemática ( matéria com a qual comecei a não me identificar muito. Gostava mais de Ciências e Língua Portuguesa. Ensino Religioso também era ótimo). Enfim, não tinha muito o hábito de ler, mas gostava. Tomei mais o gosto e readquiri o hábito de leitura na faculdade de letras. As obras, autores, materiais interessantíssimos, filmes, etc... me fascinavam. O marco foi: O Preconceito Lingüístico, o que é, como se faz – Marcos Bagno. Tenho hoje a honra e orgulho de dizer que já estudei sobre a teoria ou pelo menos já ouvi falar de grandes mestre como: Marcos Bagno, Magda Soares. Saussure, Evanildo Bechara, Bakhtin, etc.
Como tem sido a sua experiência com a leitura em sala de aula?

Um desafio, pois lido com alunos que não têm o hábito ou não gostam de ler. A cada dia tenho que buscar recursos para tal propósito. Alguns alunos já entenderam meu objetivo, adoram as minhas aulas, mas isso não é tudo.

Comente uma situação em que você percebeu que um discurso seu foi mal interpretada em sala de aula.

Foi quando levei um poema de Drummond para análise: As Sem-Razões do Amor. Um aluno disse que não gostava de poemas de amor de Drummond e que eu tinha que levar alguma coisa interessante que não fosse principalmente poemas de amor-paixão, sendo que ele confundiu as coisas. O poema fala do amor de forma universal. Tive que conversar com ele que continuou na ignorância e continua ainda não gostando de nada.

Como é a sua relação com os livros didáticos?

Como meu trabalho é na biblioteca, não tenho contato direto com livros didáticos, mas na minha opinião são importantes, já nenhum é perfeitamente completo e também não deve ser “seguido como uma bíblia”. O complemento é o esforço e o trabalho do próprio professor de acordo com as necessidades dos alunos.

De que forma você trabalha a leitura com seus alunos?
Com gêneros textuais diversos e também várias atividades relacionadas aos mesmos.

Qual o conceito que a maioria de seus alunos tem sobre aula?
Infelizmente aula para eles é você chegar em sala, explicar (pouco) a matéria, dar dever no quadro, corrigir, aplicar prova sobre a matéria e pronto. Quando chego com coisa diferente a maioria acha difícil entender e realizar atividades fora do tradicional.

Pense na proposta de um trabalho interdisciplinar:

Trabalhando a música Terra, Planeta água, por exemplo, pode-se com a letra trabalhar língua portuguesa, fazer projeto em ciências, trabalhar conteúdos de geografia. Em matemática trabalhar população em forma de quantidade, gráficos, medidas, grandezas, proporções, etc.






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